sábado, 28 de junho de 2008

bagaço #17



A vida é bela, apesar de tudo.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

bagaço #16

A não ser que seja utilizado com ironia, não aprecio o ponto de exclamação numa postada! Há aqueles que, não estando satisfeitos com um ponto de exclamação, distribuem vários no final de cada frase!!!! Como se através da acumulação de pontos de exclamação, também o leitor sentisse a felicidade ou a fúria do autor!! Sempre que encontro os benditos, imagino o escriba em casa, uma mão no teclado e outra de megafone em punho, cuspindo palavras como se estivesse na prestigiada feira de Carcavelos a vender a banha da cobra!!! Se me permitissem o obséquio, o ! seria banido da língua portuguesa ao abrigo do novo acordo ortográfico!!!!!! À consideração de Vasco Graça Moura!!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 24 de junho de 2008

bagaço #15

Certa vez, [G.K.] Chesterton esteve prestes a visitar Buenos Aires. Eu deveria ser convidado para o jantar organizado em sua honra, facto com que me teria deleitado. Todavia, não pude deixar de pensar que, para que a magia se não perdesse, mais valeria que ele não viesse, que permanecesse na sua límpida lonjura. Além do mais, também me convenci de que o conhecia como ao meu melhor amigo, e de que isso era já suficiente.

Jorge Luis Borges.

O fã deve manter uma prudente distância do ídolo. A aura, por mais pindérica que seja, não pode ser destruída. Mas vá lá alguém convencer disto as adolescentes- com a cona aos saltos e lágrimas nos olhos- enquanto tentam tocar ao de leve nas calças de qualquer elemento dos Tokyo Hotel.

Este post iniciou-se no céu (Chesterton) e terminou na mais asquerosa imundície acéfala (Tokyo Hotel). Em três minutos fez-se uma longa viagem.

domingo, 22 de junho de 2008

bagaço #14

Tu és a minha droga, mais letal do que a heroína do Afeganistão e mais perigosa que cocaína colombiana. Carla Sarkozy, no seu novo disco.

Claudia Marlene ou Rute Isabel não desdenhariam tal lirismo de profundo quilate, mas o que lhes sobra em formas corporais escasseia em pedigree: falta-lhes a abençoada languidez, o uso intensivo de sussurros, a violinha a dar-a-dar, tudo a funcionar para criar a ilusão de sensualidade. Só assim elas poder-se-iam tornar o ai jesus de indivíduos algo celibatários, algo colunistas, algo cinéfilos, algo "poetas", algo bloggers.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

bagaço #13

aqui vai:

RUA!

O admirador de Pinochet ( juntamente com o seu cachorrinho Murtosa), que desande o mais rápido possível deste país e não volte tão cedo. Já basta de poluição verbal, sonora e visual.

A Ana Lourenço, na Sic Notícias, acaba de dizer ao Rui Santos que "o povo português não percebe muito bem como acontece esta derrota". É esta arrogância, este full of shit, este auto-convencimento cego e autista, fruto de expectativas postas numa equipa que NUNCA ganhou a ponta de um corno na sua vida, que torna esta vitória da Mannschaft tão deliciosa.

Bendito silêncio.





bagaço #12


-homicídio
-danos morais e psicológicos
-tortura
-destruição de propriedade
-devassa da vida privada
-censura
-instigação ao racismo
-demagogia
-implosão da economia

Continuo à espera que o camarada Jerónimo e o seu porta chaves, camarada Bernardino, grandes defensores das liberdades democráticas, tenham uma (ou duas, se não for pedir muito) palavra de recriminação sobre o serial killer aí de cima.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

bagaço #11





conformemo-nos

terça-feira, 17 de junho de 2008

bagaço #10

Uma pessoa quer sentir-se bem na sociedade, pensar o melhor dos restantes indivíduos, acreditar na natureza genuinamente boa da alma humana, ponderar a hipótese credível de que ao fim de dois milhões de anos de crescimento civilizacional o Homem já aprendeu a discernir o que poderá irritar o outro. Infelizmente, no momento em que vamos pagar as compras no supermercado, este optimismo serôdio escorrega para o esgoto. Mulheres, mulherzinhas que demoram uma eternidade a tirar a carteira da mala (em vez de já a terem preparada para de lá tirar o dinheiro, não, é só quando a conta é apresentada é que elas se dignam a retirar, com o maior dos vagares, a dita), que começam a falar com quem está na caixa sobre as suas vidas, sobre o tempo, sobre os correios, sobre aquela criança que está raptada, até, pasme-se, sobre o caralho da "selecção nacional", isto enquanto metem as comprinhas no saco, indiferentes à paciência de quem está na fila, à espera de ser atendido. E falam, e falam, e falam, pedem-lhes uma moeda de cinco cêntimos e elas aproveitam e descarregam autênticos testamentos conversatórios. Quem está atrás vai se imaginando como o Michael Douglas do Falling Down, vai-se controlando, pensa nas aulas de sociologia e psicologia que analisavam estas questões, tenta até compreender a possível solidão de quem só tem naquele momento a hipótese de desabafar o que lhe vai no interior. Mas o egoísmo irritante prevalece, e já só faltam cinco minutos para começar o jogo da Mainschaft, e eu ali a ouvir histórias sobre bebés que se borram de noite e cospem leite pelo nariz. Vá lá que o Ballack mandou um balázio, e tratou de me acalmar os nervos.

domingo, 15 de junho de 2008

bagaço #9

Um bom expediente para observar se uma relação a dois está ao rubro, é aquele em que quando um casal chega à praia, a primeira coisa que ele faz é ir à procura de mexilhão.

sábado, 14 de junho de 2008

bagaço #8


Evidente. Faço notar, no entanto, alguma modéstia na proposta do jornaleiro; não é apenas o Ricardo que tem o dever de denunciar tais meliantes anti-bandeirinhas, mas sim todos nós. No domicílio, na esquina, no café, no balouço do jardim, na casa de putas, todos, unidos pelo mais sagrado sentimento nacional-futebolista, temos de colher informações preciosas sobre movimentos suspeitos de possíveis dissidentes à causa, esses traidores. Depois é só suspender a construcção das obras num edifício ali à Rua António Maria Cardoso, e reactivar saudosas e mui nobres actividades que por lá se faziam. Esses bandidos têm de pagar pala afronta. Segue a vigilância.

Prefiro um Benfica campeão europeu a que aquela escumalha ganhe o Euro.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

bagaço #7

(...). As suas (publicitárias) imagens prometem sempre a mesma coisa: o bem-estar, o conforto, a eficácia, a felicidade e o sucesso. Elas fazem cintilar uma promessa de satisfação. (...).

Ignacio Ramonet, Propagandas silenciosas: Massas, televisão, cinema, Campo dos Media, 2002.

Destaco os spots a detergentes de lavar louça ou roupa: mal o novo produto entra em acção, a casa torna-se miraculosamente cristalina, a roupa alva como um anjo celestial, e um sorriso radioso cobre a face da mulher*, que assim arranjou mais um motivo para viver. Pena que este conto de fadas publicitário não se repita quando eu estou a tentar arrancar bocadinhos de lapa gordurosa nos fundos de um tacho. Quanto à satisfação, encontro-a mais facilmente a ouvir um discurso de uma hora do padre Vitor Melícias.

* sempre mulher. Ai de que algum spot venha a pôr em causa as santíssimas instituições da normalidade.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

bagaço #6

Após ver o novo clip de Kanye West, onde Rita G. exibe uns peitorais dignos de abóboras e um rabo onde cabe metade do Canadá, queria esclarecer uma dúvida:

- há algum decreto-lei que impeça que uma moça não possa mexer o cu, as ancas, as mamas, ou não ter o corpo coberto de óleo, nos vídeos de cantores hip-hop? À atenção de Vítor Belanciano.

terça-feira, 10 de junho de 2008

bagaço #5

O que me anuncia a chegada definitiva do Verão não é o calor, nem a brisa da noite, nem uma jovem de calções minúsculos a passear numa rua. Não, senhor. É a música. Ouço-a vinda de longe, sem saber exactamente de onde, com um som abafado mas suficientemente alto para perceber que naquele sítio está a haver uma festa dos diabos. Música de arraial (com rifas e algodão doce), tecno, death metal, fado, you name it, ritmos a serem bombeados pelo ar anunciando a chegada da nova estação. Seja numa aparelhagem sonora no reduto doméstico, dentro de um carro ou no meio de uma festa de bairro, o ser humano (pelo menos o português) mal sente a caloraça a apertar, trata de a celebrar com música e canções. De preferência que se propaguem a vinte kilómetros de distância. Coisas dos corpos, dizem.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

bagaço #4


espécie alimentícia em vias de extinção.

domingo, 8 de junho de 2008

bagaço #3

[...]. Agora um levantamento pitoresco sobre o uso do automóvel no Portugal de inícios do Séc. XXI. Por alturas da realização de competições internacionais desportivas como os extintos Mundial e Europeu de futebol, o povo português, inebriado com a prestação do clube de Scolari (ou equipa nacional, como alguns lhe chamavam), festejava uma vitória nestas provas das mais variadas maneiras, sendo que uma das mais peculiares era a buzinadela do carro. O processo era simples: ligava-se o carro, colava-se-lhe uma bandeira ou outro artefacto nacional, percorriam-se as estradas do país (estreitas ou largas) sem destino previsível, e buzinava-se destemperada e repetidamente. Este ritual surgia muitas vezes por osmose, em que os indivíduos seguiam as pisadas de vizinhos ou amigos para não lhes ficarem atrás, assim lhes mostrando que também eles podiam buzinar com ganas e muita força, até, se possível, a bateria do carro ir abaixo. Adicionado ao buzinão, havia o complemento gritaria com a cabeça fora da janela, tecendo-se loas e orações ao feito patriótico. Esta celebração não surgia apenas com a vitória na final da competição, mas após qualquer vitória sobre qualquer adversário, fossem selecções potentes como Itália ou Holanda, ou mais modestos conjuntos como o Burkina Faso ou a Turquia. Este comportamento sociológico-festivo teve o apoio da maioria dos portugueses, mas alguns intelectuais, agastados com tanta excessiva demonstracção de fervor, apelidavam tais manobras de pão e circo; outros duvidavam que o elevado preço da gasolina ( então o principal combustível automobilístico) seria assim tão nefasto para a carteira lusitana; e os mais coléricos, como o autor de um obscuro blogue da época, Bagaço Matinal, não se coibíram de chamar aos festivaleiros uns "filhas da puta duns azeiteiros". [...].

José Luís Da Silva Gasset, Grande História do Automóvel na Lusitânia, 2146, Edição Leya.

sábado, 7 de junho de 2008

bagaço #2

No excepcional trabalho jornalístico-chouriçeiro das tvs portuguesas no pássado Domingo, onde todo e qualquer infímo pormenor relativo à partida do clube de Scolari para terras chocolateiras não foi deixado ao acaso, e onde foi entrevistada cerca de metade da população portuguesa, apenas há a registar uma pequena nódoa que impediu que o todo fosse perfeito: ninguém, nem um único jornalistazinho, se lembrou de questionar os motores do avião que transportava o clube do Scolari. As dúvidas e as certezas, os seus palpites para o onze inicial, se já arranjaram bilhetes para os jogos, se têm conseguido dormir: estas essenciais e tão típicas questões da natureza mecânica ficaram sem resposta. Após isto, não nos podemos admirar com as queixas que se fazem amiúde sobre o comportamento deontológico da nossa praça jornalística. À atenção da ERC. Força Turquia.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

bagaço #1

As desgraças vêm sempre aos pares. Não um, mas dois blogos.